Para mim é sempre prazeroso e gratificante falar sobre os meus dois partos por tudo que eles me permitiram sentir, aprender e evoluir como mulher, mãe e profissional. Sem dúvidas foi um desabrochar para a vida materna e também para obstetrícia, que logo se tornou uma das minhas especialidades como enfermeira.

Na minha primeira experiência, em 2013, quando tive meu primogênito Enzo, passei por violência obstétrica no hospital durante a assistência médica até a sorte de uma troca de plantão, onde o médico e a enfermeira que assumiram o turno, contribuíram com um trabalho respeitoso de assistência ao parto.

Além disso, mesmo acreditando em meu corpo, na sua capacidade de gerar, parir e amamentar, eu tinha criado várias expectativas quanto ao local escolhido, os profissionais em me receberem e acolherem no momento do parto, que não foquei em mim mesma, no meu corpo, na minha própria capacidade fisológica e natural de parir.

A verdade é que não cuidei do órgão mais importante que gere e comanda nosso corpo e emoções – o cérebro. Não me preparei mentalmente e emocionalmente para cicatrizer as feridas das quais pensei que não poderia interferer no parto e na maternidade, muito menos na saúde do meu bebê. Foram as minhas fragilidades emocionais que me travaram e prolongaram o meu trabalho de parto. Não sentia medo, mas me sentia muito insegura diante de todos que pudessem estar presents naquele momento.

Após 23h em trabalho de parto, no dia 23 de março de 2013, às 23h23 Enzo nasceu com seus 3.750kg. Recebi alta hospitalar com sede de me apronfundar em todo processo que envolvia a gestação e de tudo que permeia esse universo. Ainda em casa na minha licença maternidade, fui estudar sobre os assuntos maternos e cuidados com o bebê. Fiz um curso de aleitamento materno, me inseri no movimento de huminazação ao parto, fui cofundadora de um projeto lindo e incrível de produção de vídeos voltados para a maternidade idealizado pelo cineaste Alex Souzan, meu marido e pai dos meus filhos. Dessa forma, fui cada vez mais me aprofundando nos estudos e então fiz a minha especialização em enfermagem obstétrica.

Em 2015 engravidei da minha menina, Maria Nina, e, sem dúvida, a minha visão e compreensão de parto e maternidade já era outra. Eu continuava a confiar no corpo competente, que gera, pari e amamenta, então passei a cuidar das minhas emoções por meio de algumas práticas terapêuticas. Entendia que nesse momento minha mente precisava ser cuidada e de uma conexão com o meu mundo interior, isso iria favorecer no meu equilíbrio hormonal e, sem dúvida, no meu equilíbrio emocional.

Quem me acompanha e me ouve falar consegue ver o brilho no meu olhar ao relatar a minha experiência de parto e eu sinto o prazer chegar em minha boca até hoje. Sim, o prazer em trazer ao mundo um outro ser, o prazer de viver isso com total autonomia do meu próprio corpo, porque foi assim que vivi essa experiência: em total conexão comigo mesma, com meu corpo e a todos os movimentos que ele me pedia, respeitando o tempo de minha bebê, e juntas, eu e ela dançava-mos. Eu ia no ritmo dela e conseguia perceber tudo isso pelo movimento do meu corpo.

Eu caminhei, agachei sentei, deitei, remexi todo o meu quadril como nunca, chamei por ela num gritar único colocando para for a a força interna de um parir. E chamava, “venha minha menina, venha”, ouvia a nossa música “quando fevereiro chegar… saudade já não mata a gente, a gente ri, a gente chora… ai aaa…”. A luz que entrava em minha casa era linda demais, era início de uma manhã de janeiro, senti sua cabecinha saindo de mim e esperava entre um interval e outro a sua chegada total, até que então ela saiu de mim. Nos encontramos após 4h do primeiro sinalzinho da sua chegada e a recebi em meus braços, a trouxe para o meu colo, limpei o seu olhinho e nariz, e assim, tudo por instinto, a abracei, dei carinho e a vi chorar pela primeira vez em meu colo. Um choro que me dizia ‘VIDA’.

Foi uma emoção sem explicação, todo o mundo externo estava ali admirados ao ver aquele encontro, enquanto eu estava ali, conectada em nós. Se foi romântico, foi o que vivi. Se foi selvage, foi o que vivi. E ninguém pode dizer que a minha experiência de parto foi diferente de qualquer coisa disso, afinal só eu sei as emoções que senti, somente eu sei o que vivi e percebi. Apenas eu sei!

Nas minhas duas experiências eu sei bem que o senti de emoção e percepção. Elas foram diferentes, mas foram diferentes porque o meu mundo interno era diferente. O que antes doía em mim na primeira experiência, já não doía mais. O que antes eu temia, já não me paralisava mais, não me tensionava e não impedia de dar espaço a outras emoções que eu pudesse sentir. O que mais me ajudou em meu segundo parto realmente foram as feridas curadas durante o pré natal.

Não sou menos e nem mais mãe. Nas duas experiências, ainda que em alguma delas fosse preciso fazer uma cirurgia, eu seria a mesma mãe que sou. Afinal ressalvo, a maternidade será construída e não é um parto que define uma mãe. Mas é claro, viver um parir fisiológico é uma experiencia única e incomparável a qualquer outra experiência da vida.

Então quem tem uma gestação de baixo risco, e que tem condições físicas para um parir, cuide das suas feridas emocionais e se prepare para viver essa grande experiência. As nossas emoções controlam a nossa saúde física, portanto cuide delas.

A hipnoterapia é uma excelente ferramente para contribuir com esse processo. Faça um pré natal terapêutico!

Eu vejo você! Eu acolho você!

1 responder

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *